Que todas as
dores sejam comparáveis à da tua ausência.
Um chá de
camomila que me baste apenas, para sorrir após um delírio quebrado pela
desilusão.
A vivência
conjunta de seres autónomos é aberrante.
Nunca considerei
seriamente ensinar um adulto a desempenhar tarefas primitivas.
Comemorar aniversários
de relação são desculpas para trocas oculares tão desconfortáveis depois
daqueles 12 meses.
Encarar a vida
com realismo é o nosso dever.
Um dever difícil porque
somos dotados de imaginação, este pó venenoso que se entranha em todos nós
faz-nos acreditar em milagres, dá-nos esperança e constrói grandes espectativas
sobre o que nos rodeia.
Vivemos uma vida
inteira a ignorar os nossos instintos e a esconder as nossas emoções, pensamos
sobre nada na esperança de sermos conduzidos pela rotina.
E se tudo isto falhar?
Ficamos admirados
quando sabemos que o Luís, o Carlos, o Manuel, a Dolores, a Sofia e a Raquel,
apesar de casados com filhos e visivelmente felizes, tenham que ir à
Psiquiatria uma vez por mês abastecer o depósito para continuarem vivos.
É mais fácil
olhar para as estrelas que pensar o caminho que tomamos nestas calçadas cheias
de buracos que nos fazem tropeçar todos os dias, na verdade que é a vida.