quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Coração pesado



Quero sair daqui - Não pertenço
Não consigo correr - Estou a sufocar
Não digo adeus - Não fujo
Não mudo o que sinto
Deixo-me afogar - Morro lentamente
Não me viro para o presente
Não olho ninguém nos olhos
Sinto o centro magnético em chama
Não posso recomeçar - Não há tempo
Não posso mudar
Sou eu - Serei eu
A verdade está escrita em mim - Como factos numa campa
Anjos sobrevoam - Não me ajudam
Dizem entre eles - Ela consegue sozinha
Eles têm esperança
Todos me desiludem - Todos não chegam - Todos são pouco
Onde fui fabricada - É tudo tão diferente
Feita tão cheia de falhas - Para este lugar
Tão salgada…
De que planeta fui arrancada - Para morrer sem deixar nada
Neste meu deserto vazio - As peças não encaixam
O jogo não tem sentido - As regras são desconhecidas
Esqueleto partido - Mente líquida
Sabe-me tudo a pouco
Peças imperfeitas
Nada substitui o todo que já perdi
O medo cresce - O isolamento faz sentido
Não tenho a capacidade de perdoar
Não tenho o dom da retirada
Não igualo o amor à dor - Nem o ódio ao desprezo
O meu sistema é imune à luz brilhante
As trevas criaram uma nova luz discreta
A fome e a sede somem-se - Os princípios da vida faíscam
Não adormeço o leão em mim - Não paro de sonhar
Parei de viver - Prefiro o mundo que criei
Mundo sem migalhas
Estou ausente - A maioria do tempo
Vês-me mas eu não estou.

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