terça-feira, 15 de dezembro de 2015

fairy tales



A rapariga de mangas muito compridas falava baixinho.
Morava numa vila da Beira Baixa.
Cheirava a naftalina aos 14 anos.
Vendia bibelots na feira que roubava na casa da avó e das tias.
Comprava gomas no quiosque ao pé da escola que devia frequentar. Comia muito e era gorda.
Um dia viu uma pomba em frangalhos na estrada.
Decidiu expandir as suas ambições.
Passou a roubar carros para os lados de Leiria.
Os cúmplices que liderava eram bastante mais velhos.
Nunca percebeu o ‘medo’ ou a ‘culpa’.
Comia menos. Emagreceu.
Pintou o cabelo e as unhas.
Os rapazes começaram a existir no seu diário gráfico.
Fez 16 anos numa quarta-feira. Pareceu ser um segredo.
Deixou as drogas.
Gostava de narcisos e livros.
Tornou-se mestre na camuflagem.
Tinha uma mente instável.
Gostava de impressionar.
Vivia bem aos 18 anos.
Comia bagas ao lanche.
Era vidente e astróloga.
Nos tempos livres, jogadora de rugby.
Era uma fingidora de sentimentos genuínos.
Sempre soube que não era igual às Marias.

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