quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Dias sólidos de certeza

As horas em que te observei a trabalhar,
Enquanto cozia botões,
Ou lia receitas de amanhã,
Eram horas de silêncio cúmplice.

Recordo aqueles momentos
Como uma tela pintada a pormenor,
De cores vivas e luz brilhante.

Ainda me embalas o sorriso com meiguice...

Afinal, não é preciso muito!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Bourbon


Nunca é tarde para começar, pode ser em 16.08.2009 às 12.52m.
Vieste visitar-me, gosto de saber de ti. Esforço-me para te tornar um adereço sem importância.
Todos os relacionamentos deviam terminar na Primavera/Verão.
É tudo muito mais animador.
Neste Domingo, fui chamada a intervir numa discussão sobre quem tinha chegado primeiro à caixa do supermercado para pagar. Que coisa importante!
A minha resposta foi: não tenho nada a ver com isso!
De facto não tinha.
Não se trata de desligamento apenas selecção e bom senso.
Não entendo como existem tantos arrumadores de carros. É uma máfia.
Se não deres moedinha eles não protegem o teu carro….
Eu estaciono sempre longe do desastre, sou muito poupada ou outra coisa! Coisa assim!
Música e imagens…paixão!
Não gosto de te ter na mente.
Vieste até mim, a tua imagem continua forte. A imagem.
Quero ter filhos. Dois.
Um casal.
Gosto de sonhar com um futuro feliz ao lado de um amor sincero, com frutos e raízes.
Falta o dito.
Falta saber onde está e quem é o dito e falta ele poder ser o dito.
Nada de complicado. Apenas recheado decorado e preenchido de amor.
Às vezes acho que me ausento demasiado tempo.
Gosto de manipular imagens.
Gosto de decorar espaços e escolher ambientes.
Apetece-me fazer caricaturas e contar histórias.
Coisas novas…descobrir mais…saber mais..quero…
Tenho tanta pressa!
Permanece na parte de detrás
Da memória genética da espécie.
Só uma piada que me contaram ontem:
Men are worth for sperm and ability to lift weight!
Women make plans and God laughs.
Isto é preconceito.
Todos os nós podem ser desatados.
Time traveller suck me dry
Estou bêbeda.
Muito! E o Beckett também!
Estamos os dois!

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O eterno retorno



Uma chávena de chá morno com mel rançoso
Que estranho, sabe a nada
Um biscoito bolorento,
Deixo-o desfazer-se no palato
Nada.
Que aragem gelada de eucalipto!
Tenho dificuldade em adormecer
Não há cobertores no armário
Sinto medo de sair entre lençóis.
Tirei as lentes, não sei dos óculos
Ouço barulhos e vejo sombras!
Maldita claridade traiçoeira
Não cumpri bem o ritual.
Tenho a bexiga contraída
Espasmos contraem a noz em que se tornou
Não controlo a sua vontade.
Vou-me levantar…
Vou-me constipar de certeza…
As meias são de poliéster fino…
Sou mármore arrepiado
Uma brasa resiste em mim
Um pauzinho de energia!
Já sei!
Vou dobrar os cobertores em dois
E só ocupo esse espaço de cama,
Se não me mexer
Aqueço
E de certeza,
Adormeço.

sábado, 24 de outubro de 2009

Sabores Gourmet


É raro eu gostar de alguém
Muito raro eu sentir-me bem junto de alguém
É por isso que quando eu gosto de algúem
Eu não uso o sentido

Porque para mim é um milagre

Nada se interpõe a esta viagem
Nunca se deixa de gostar dos que nos sabem bem.

Há uma certa perfeição neste estar permanente.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Ciclos


Tens um sofrimento…tudo bem…crias um/o hábito…pareces-me bem!
Aparece um sofrimento novo…acordas de olhos inchados…
Sentes-te de novo vivo, e novos argumentos aparecem no teu manual de sobrevivência.
Novo hábito, mais umas nódoas, mudas uma rotina qualquer,
E parece que começas um novo ciclo.
Faz sentido quando estás perdido.
Jogas à bola no mesmo campo, mas mudas de posição
Mudar de jogo? Resistência e negação.
Divagar neste limbo parece muito mais seguro que cair!
Ora bem…
A segurança dos que foram nómadas - é a novidade do último meio século.
Acredito que é uma nova carga genética perigosa
A evolução é relativa,
As artes do viver são fustigadas pelo medo, deste novo tempo
Podemos pensar em dezenas de génios passados e num actual,
E não se trata de desprezo pelo presente,
Nem falta de memória.
Os homens das caravelas e dos foguetões já morreram
Ficaram os ajudantes do pai Natal. Esse que talvez seja invenção.
Embrulhamos presentes e vendemos sonhos de mão em mão,
e vendemos tão bem, compramos todos.
Brincamos às tentativas de não arriscar.
Ai, as quimeras de um início não desejado!
A procura fica-se no já realizado, não há esperança
A invenção teme-se muito.
Teremos medo de falhar, de perder, de ser humanos? O que é isso?
A vida é uma coisa assim tão frágil?
Experimentação / acomodação…
Gosto das rugas dos meus antepassados
Das marcas que deixaram, boas ou más…
Eles existiram e deixaram marcas.
Hoje penso que não deixo marca alguma,
Gostava de ser o Zorro.
Eu sei,
Amanhã acordo e vejo a minha imagem reflectida
Não sei o que representa o invólucro
Não sei quem é ela sequer,
Não a conheço
Nem quero,
Penso no tempo que falta
Para eu comprar novos sonhos.
E a ideia de viver antes de morrer
Esvaece, assim por distracção…
Acho que é porque…
Outra característica deste meio século,
Pensamos ser imortais, eternos,
Teremos muito tempo…o tempo sem limites.
Ignoramos a morte
Duvidamos que exista para nós.
Termos escolhido ser uma espécie superior
Aparte da mãe que nos pariu,
Termos criado um código próprio
Acredito ter sido o nosso pior erro.
É um ciclo, eu faço parte dele.
Venham novos heróis!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

MUDANÇA DE PELE


A ingratidão ao universo é tão comum em mim - sou ingrata
Hoje recebo ordens para encarar-me no espelho com o mundo ao lado
A observação da figura, a pequenez da pérola terrena em mim
Não podemos ser todos salvos…eu sei…eu vi…
Não sofremos todos na mesma medida…eu sei…eu senti…
Os loucos incapazes foram desprovidos de consciência...
Não sabem…ouvem apenas um repente distorcido de exterior…
Tentam chegar a mim - sinto retracção em forma de espanto
Os presos são vigiados por falcões com capas de pele….
São todos inocentes… estão expostos...
têm as chaves…não existem fugas…a vida é para ser vivida…
Vazio de nada - esquecimento de tudo
Disseste que não tinhas sorte…
levo agora a mão à boca como se fosse a tempo de evitar as palavras passadas…
parece que ouço a distorção…fico cega - de propósito?
não sabes onde te encontras?
Estou pesada - muito
Experimento hoje uma dose de químicos naturais que me jogam para a vergonha de mim…
pois…parece que tenho tudo!
Caio para traz e faço de conta que me sinto bem com tanta vulnerabilidade…
não sei fingir aqui…
Há um tempo - há tempos
E então detesto pensamentos que tive - ideias que espalhei
Sou ingrata - a magoa - gritei por nada de importante
Achava que era - desiludo-me - cavo-me
Inalo hoje a existência e transformo-me em sono...
Para não chorar de compaixão - arrependimento por ser ingrata
Animal bruto
Tenho tanto frio
Ensino-me a não fugir todo o dia
Isto não é um dever - Isto é uma dádiva.
A quem posso pedir perdão? Agradeço!
Não quero esquecer.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

ICH WILL


A impotência transforma-se nesta ocasião em revolta!
Eu quero!
Quero!
Ouviram!
Despedaço-me se for preciso
Arrebento-me
Acabo com o entretanto
E precipito-me para o fim
Numa fuga birrenta
Tiro as rédeas às mãos do destino
Nesta rasteira feroz enlouqueço
Morro
Guarda o tempo, fica com a loucura
Projecta em branco
Não comigo
Esquece-me deixa-me
Olha para o lado
Quero esgueirar-me a este marasmo
Quero rasgar a paciência por dentro
Eu quero deixar de ser quem sou…..

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

O valor das pessoas


Podemos dar-lhes um valor
Numa escala
Noutra dimensão
Os melhores entre os melhores …
À partida desde cedo
Sabemos que somos os eleitos,
Nada de bom…
Apenas o dom da transcendência
Sentir mais, ver melhor
Nada de bom…
Devolução ao estado puro.
Esta certeza
Engrandece quem tem alma
O caminho é o da transparência
Nada de bom…
Tudo nos é próximo
Quem nos toca esmorece
Ressentem-se como se fosse uma ousadia
Receber o amor perfeito
É assim tão mortal?
Somos irmãos de sangue
Caminhamos juntos
Por entre vidas nos blindamos
Contra a malvadez dos corações negros.
Somos sábios mas inocentes
E não temos medo
Sabemos quem somos
Saboreamos a pureza do coração
Dormimos bem, a nossa energia é lúcida
Não há prémios
Nada de bom…
Apenas este estado permanente
De grandeza e bondade.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Dreams of triumph


The first thought:
I detest players in life.
Games are to be kept on the board.

The wonder:
Dangerous mocking vulters are frequently flying over our heads,
we call upon them with our smirks, and easily chosen role plays.

The knowledge:
Angels descende for us every hour,
I truely believe someone is watching over with caution and care!

The hope:
Lets not ignore the sighs anymore
- the punctual seasons
- the peculiar travellers...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Quase erótico


Há dias em que acho que é possivel duas almas realmente se amarem, mas não se entendem…

terça-feira, 6 de outubro de 2009

amantes regulares




não vou especular sobre as tipologias, apenas na intolerância diária dos regulares.
a superioridade com que se impõem aos tais que não são regulares, pelo menos não todos os dias, é quase tóxica.
deixam os coitados moribundos de tristeza, e transformam todo o seu entendimento em devaneios de louco no purgatório.
não há para eles juras, ou sentires eternamente mágicos, não há o arrebatar do corpo e da alma
a pureza do olhar ou a relíquia do sentir inteiro. existe o dia a dia, uma rotina confundida com a de um empregado fabril - e a escuridão que isto é para mim, neste momento, para os regulares é um acessório
passível de ser sentido apenas pelos que sofrem de excesso de amamentação.
anda tudo desarrumado num saco cospem veneno nos sonhos petrificam o desespero e guardam-no sem o passar. o mundo para os regulares é uma bola colorida nada mais interessa que imitar os dignos
e fingir que nunca têm vontade de gritar com os prenúncios.
no silêncio as palavras são escondidas e paira uma tranquilidade de caminhada num domingo à tarde. dai não saem e não pensam sair.
é seguro até não ruir, e quando já não se consegue fingir mais porque se dão transtornos públicos
que interferem na eternidade do bem socialmente, depois, recomeça-se é fácil quanto não se sente grande coisa.
somos todos pessoas e todos fazemos escolhas todos os dias, a todos os minutos…
existe o seguro, que morre velho, e depois há o amor, que é fodido , mas que inspira tantos a perpetua-lo nas formas mais diversas, desde o ‘amo-te joão’ na parede da escola em forma de graffiti tremido
ao livro lido há gerações do shakespeare, à tela roubada do klimt, e as canções…tantas…
valeu a pena?
nós é que decidimos!
transformamos o que vivemos em bom ou em mau, porque estamos tristes tantas vezes?
falta-nos uma história maior?
hoje estou do lado dos rebeldes de coração,
o futuro ainda não aconteceu, o presente pede para ser agarrado de forma fascista, e não esquecer os monumentos/momentos históricos que toleram a nossa passagem, mas não o nosso desentendimento à força da vontade.
sejamos pacifistas, mas não com a nossa alma, ela pede a nossa intolerância.
amanhã posso acordar regular, com um bocejo bradado...ninguém me vai magoar outravez…
e depois penso… também ninguém me vai fazer sentir única…
e logo tenho vontade de saltar.