terça-feira, 6 de outubro de 2009

amantes regulares




não vou especular sobre as tipologias, apenas na intolerância diária dos regulares.
a superioridade com que se impõem aos tais que não são regulares, pelo menos não todos os dias, é quase tóxica.
deixam os coitados moribundos de tristeza, e transformam todo o seu entendimento em devaneios de louco no purgatório.
não há para eles juras, ou sentires eternamente mágicos, não há o arrebatar do corpo e da alma
a pureza do olhar ou a relíquia do sentir inteiro. existe o dia a dia, uma rotina confundida com a de um empregado fabril - e a escuridão que isto é para mim, neste momento, para os regulares é um acessório
passível de ser sentido apenas pelos que sofrem de excesso de amamentação.
anda tudo desarrumado num saco cospem veneno nos sonhos petrificam o desespero e guardam-no sem o passar. o mundo para os regulares é uma bola colorida nada mais interessa que imitar os dignos
e fingir que nunca têm vontade de gritar com os prenúncios.
no silêncio as palavras são escondidas e paira uma tranquilidade de caminhada num domingo à tarde. dai não saem e não pensam sair.
é seguro até não ruir, e quando já não se consegue fingir mais porque se dão transtornos públicos
que interferem na eternidade do bem socialmente, depois, recomeça-se é fácil quanto não se sente grande coisa.
somos todos pessoas e todos fazemos escolhas todos os dias, a todos os minutos…
existe o seguro, que morre velho, e depois há o amor, que é fodido , mas que inspira tantos a perpetua-lo nas formas mais diversas, desde o ‘amo-te joão’ na parede da escola em forma de graffiti tremido
ao livro lido há gerações do shakespeare, à tela roubada do klimt, e as canções…tantas…
valeu a pena?
nós é que decidimos!
transformamos o que vivemos em bom ou em mau, porque estamos tristes tantas vezes?
falta-nos uma história maior?
hoje estou do lado dos rebeldes de coração,
o futuro ainda não aconteceu, o presente pede para ser agarrado de forma fascista, e não esquecer os monumentos/momentos históricos que toleram a nossa passagem, mas não o nosso desentendimento à força da vontade.
sejamos pacifistas, mas não com a nossa alma, ela pede a nossa intolerância.
amanhã posso acordar regular, com um bocejo bradado...ninguém me vai magoar outravez…
e depois penso… também ninguém me vai fazer sentir única…
e logo tenho vontade de saltar.

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